sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


Resenha Crítica
By Eldam de Sousa Barros.

Assis, Machado de, A Cartomante, in: Contos, L&PM editores, Porto Alegre, RS, 1ª. edição, maio de 1998.

RESUMO DA OBRA.
Um triângulo amoroso onde a soma dos quadrados dos catetos não é igual à soma do quadrado da hipotenusa, pois a ideia do adultério como crime e da morte como punição está inserida no corpo de história, quebrando as estruturas desse triângulo. Em suma, Camilo e Vilela representam os extremos dessa relação que convergem para um único ponto, que é a bela e sonsa Rita.
Amigos desde a mais tenra infância, os dois seguem caminhos diferentes no campo profissional. Vilela torna-se magistrado e Camilo, funcionário público. Vilela casa-se com Rita, mas a morte da mãe de Camilo, termina por reaproximá-los. Trazido ao convívio familiar do casal, o moço enamora-se de Rita e é correspondido. Esse amor idílico transcorre de forma tranquila, sem sobressaltos e sustos. Camilo e Rita eram como almas gêmeas. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Mas de uma hora para outra, ele passa a receber cartas que o acusam de adúltero e ameaçam fazer ruir esse castelo de cartas marcadas. Desconfiado e temeroso, decide diminuir suas visitas ao casal. Rita, porém, resolve consultar uma cartomante para saber se Camilo ainda a ama.
A partir deste ponto, a figura da cartomante passa a nortear os múltiplos caminhos que esta relação a três sugere, dentro do contexto que une ficção e realidade no ângulo onde aquilo que está sendo narrado e aquilo que é comum e corriqueiro no cotidiano do leitor se tocam. Pois, a mulher que diz prever o futuro, é na verdade uma embusteira, que vaticina diante de seus clientes, o que eles querem ouvir, num jogo de dissimulação e mentiras que se coadunam numa ideia falsa do caráter da mulher que se diz capaz de adivinhar o futuro.
Ao tomar conhecimento de que Rita consultara uma vidente para saber do amor que ele sentia por ela, Camilo a repreende e ri da sua credulidade. Rita usa de todos os argumentos que possui para convencê-lo do contrário, mas o amante se mostra irredutível em acreditar nas previsões da embusteira.
Vilela, o vértice indesejado deste triângulo amoroso não tem tempo para consultar cartomantes e embusteiros. Seu tempo é todo empenhado na dedicação ao trabalho. Mas de uma hora para  outra, seu comportamento muda, ele passa a ficar desconfiado e se mostra frio e distante em relação à sua mulher, e principalmente em relação ao amigo. Rita percebe essa mudança de comportamento e prevenida, adverte o amante.
Quando pois, Camilo recebe um mensageiro trazendo uma carta de Vilela, ele estremece. Ao ler a carta, suas previsões se confirmam. O amigo pede que ele compareça à sua casa sem demora, pois tem um assunto sério a tratar. O jovem moço se enche de medo e pavor. Teria o marido traído descoberto tudo, e o assunto a que se referia, não seria nada mais que um acerto de contas? Ele se pergunta e se perde em meio a um mar de dúvidas e conjeturas. Mas consegue controlar os nervos e de forma ponderada resolve ir ao encontro do seu destino. No caminho, seu espírito se inclina à ideia de consultar a mesma cartomante que Rita. A mulher se mostra perspicaz e consegue com a sua lábia, envolver o cliente. Camilo se rende diante da predição de que ele e sua Rita vão ser felizes para sempre.
Aliviado de suas preocupações e esvaziado de seus medos, Camilo segue alegre para encontrar o amigo. Ao   chegar à casa deVilela, bate à porta e espera. Ele sente-se leve e feliz. O próprio Vilela abre-lhe a porta, mas Camilo nota-lhe uma alteração no rosto. O amigo parece transtornado e mostra frieza ao convidá-lo para entrar. Camilo entra, e após o outro fazer-lhe sinal, seguem para uma saleta interior, onde  o que ele vê ao adentrar à sala o deixa paralisado. Sua bela Rita jaz ensanguentada sobre o canapé. Vilela o agarra pela gola e joga contra a parede. E com dois tiros o mata.

CONSIDERAÇÕES DO RESENHISTA.

O conto A Cartomante é um dos pontos altos da obra machadiana. Nele, narra-se de forma simples, clara e concisa, o desenrolar de um triângulo amoroso onde o desfecho trágico vem pontuar a pureza de estilo e o domínio da arte que espelham o trabalho de um mestre. Poder-se-ia afirmar, sem prejuízo à obra de um dos maiores escritores da língua portuguesa, que o Machado contista é quase melhor do que o Machado romancista. Autor de romances célebres como  Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borbas e Dom Casmurro, que o elevaram ao patamar dos grandes mestres da literatura, Joaquim Maria Machado de Assis também escreveu peças de teatro e no início de sua produção literária foi poeta. Mas seus contos, assim como seus romances são mais representativos do seu ofício de ficcionista maior. Contos como A Causa Secreta, Esses Braços, Missa do Galo e A Cartomante, traduzem a essência da obra machadiana. Faz-se mister ressaltar, que Machado de Assis é quase uma unanimidade entre escritores, leitores e estudiosos da arte literária e muitos o consideram o maior escritor brasileiro de todos os tempos.
A glória que eleva, honra e consola, talvez seja a melhor tradução da trajetória da vida e da obra de Machado de Assis. Mulato e pobre, ele foi um “autodidata” que superou os maiores obstáculos e se tornou um exemplo a ser seguido. Exerceu várias profissões e sua obra de ficcionista se divide numa fase romântica e principalmente numa fase realista. Talvez seus romances reflitam melhor, à luz da produção literária, seu ofício de escritor, mas seus contos são considerados pequenas obras-primas da arte literária. Dentre seus contos, A Cartomante ocupa um lugar de destaque, pela temática e desenrolar da trama. A teia que envolve as relações de um triângulo amoroso e seus desdobramentos, já é por si só, apaixonante. Mas o desfecho, poder-se-ia defini-lo como a quintessência da obra machadiana.

ATIVIDADE 2 DE TEORIA DA LITERATURA

Por Eldam de Sousa Barros
     
     Os textos estudados possuem aspectos que objetivam a comunicação por meio da discussão de ideias, que servem de ligação entre texto e leitor. Dessa forma, o entendimento que se depreende do conteúdo é algo que se caracteriza por aquilo que se busca transmitir. O efeito causado pelas nuanças que compõem tanto a denotação quanto a conotação, encontram-se, inseridos no corpo de um e outro texto.
      Vale ressaltar, que embora o texto 1, um texto jornalístico onde a exposição de ideias se apoie em fatos concretos, não difere muito do texto 2, um poema. Pois em ambos, nota-se uma alternância entre a denotação, um sentido real e a conotação, um sentido figurado.
      Como exemplo de denotação pode-se enumerar frases, tais como: “O poeta é um fingidor”, “A dor que deveras sente”, “E os que leem o que escreve” “ São quase 300 milhões de reais pagos e empenhados”. Já a conotação pode ser representada por frases como: “ Esse comboio de cordas que se chama coração”, “Firmino chega e comenta que há ainda muitas informações para se pegar”. “Que chega a fingir que é dor”, etc.
       Nota-se  que tantos os aspectos denotativos, quanto os conotativos são fundamentais na composição de um texto. E que a ênfase que às vezes é dada a um ou outro sentido, tende a enriquecer aquilo que se pretende transmitir ao leitor. É como se o texto fosse uma pedra bruta, e com o auxílio da denotação e da conotação pudesse ser lapidado até se tornar uma joia rara.
      Por outro lado, o encadeamento de ideias exige que tanto um sentido como o outro deva ser utilizado da forma que a clareza, a concisão e o entendimento tácito não possam ser comprometidos, com prejuízo para o autor, aquele que busca transmitir algo ou alguma coisa, e que é portanto o emissor, e ao leitor, o alvo que um determinado texto busca atingir, sendo que este é o que chamamos de receptor. Ou seja, o sentido real e o sentido figurado são recursos literários fundamentais na transmissão de uma ideia ou grupo de ideias. 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


ATIVIDADE 1 DE TEORIA DA LITERATURA

Por Eldam de Sousa Barros.

      Via de regra, Teoria e Literatura são complementares entre si, mas na prática, uma não explica a outra. Isto porque, teorizar é em sua essência, propor questionamentos, buscar respostas. Enquanto que Literatura está além de definições e conceitos. Mas em contrapartida, embora seja apresentada como um objeto científico de variadas formas, e com um alto grau de complexidade, a Teoria Literária é algo dinâmica e bastante atual.
      No mundo moderno, aquilo que conhecemos por Teoria da Literatura possui uma dinâmica cuja primeira impressão que nos causa é forte, duradoura e vivaz. Mas a despeito da soma dos interesses múltiplos e dos diversos caminhos que atravessam a Teoria Literária, uma definição desta à luz do rigor científico, é algo impossível. Nela, a ausência de  pureza e a multiplicidade de meios espelham suas características sob dois espectros. O primeiro deles se apoia na força inclusiva, que  torna a Teoria da Literatura completamente racional, face  às muitas teorias existentes. Já o segundo, recai sobre o discurso impuro, às vezes ambíguo, às vezes harmônico, mas sempre despido de pressupostos que aludem à realidade.
      Deve-se ressaltar que a Teoria Literária, um vasto campo, pontuado por paradigmas e conceitos múltiplos, e às vezes infestado por crenças, valores e preconceitos implícitos, ainda suscita muito mais dúvidas que certezas. Pois ela se apoia sobre um pensamento crítico, que embora busque novos rumos e conceitos, não deixa de ser teórico, e portanto inconclusivo.
      Por último, a Teoria da Literatura busca esmiuçar, de forma objetiva e incisiva, os aspectos relevantes de uma obra, com foco no uso da palavra como ponto de partida que se estende a autor, chegando até o leitor, e dessa forma, culminando num processo amplo, rico e dinâmico, cuja metodologia reflete uma relação histórica entre o homem e o mundo que o cerca.