sábado, 28 de janeiro de 2012

JOGOS E SIMBOLISMOS

JOGOS E SIMBOLISMOS


                  A escola reproduz as desigualdades sociais? Em tese, sim. Mas na prática, os mecanismos que compõem a estrutura social são bem mais complexos. Eles se apoiam em jogos e simbolismos que espelham, a priori, as ideias coercitivas das classes dominantes.
                  A escola é neutra? Não. Nem neutra, nem imparcial. Mas também não é infalível, no que diz respeito à sua ideologia de corroborar as desigualdades e ainda por cima, acirrar a luta das classes sociais. Ela é sim, uma espécie de palco, onde os atores sociais se relacionam e se inserem no meio social.
                  No “jogo da vida”, a violência simbólica assume o papel de destaque. Ela nada mais é, do que um expediente do qual as classes dominantes se valem para excluir do sistema de ensino os mais pobres e com isso, conseguem legitimar e impor suas ideias aos grupos e classes dominadas.
                  Na escola, a ideologia, entendida como a forma com que a realidade se mostra, é  um dos mais fortes simbolismos: “busca ocultar os mecanismos de reprodução das relações de produção capitalista”. Segundo Althusser, a escola em vez de se tornar um instrumento de equalização social, constitui-se em um mecanismo construído pela burguesia para garantir e perpetuar seus interesses.
                  E como o ambiente escolar reflete o meio social e se apoia nas bases do capitalismo, a tendência da escola é “ser dualista”, ou seja, “ela se divide em duas grandes redes, que correspondem à divisão da sociedade em duas classes fundamentais: a burguesia e o proletariado”. A escola tende a marginalizar os alunos mais pobres e busca assumir um papel que reforce e torne legítima a superioridade da cultura burguesa sobre a cultura do proletariado.
                  Mas sob essa ótica, pode-se  afirmar que a escola só reforça as desigualdades? Sim e não. Sim, porque a bagagem cultural e social, inerente à burguesia, prevalece sobre o proletariado. Não, porque a escola, como instituição social simbólica, às vezes, sob a “efígie” complexa e formadora do caráter de cada indivíduo, permite à sua revelia, que num movimento mais amplo, as amarras do capitalismo se soltem, as barreiras culturais se quebrem, dogmas e regras sociais se dobrem e se moldem, para que “aqui” e “ali”, indivíduos vindos das classes mais pobres possam ascender à classe dominante, sem contudo perderem sua identidade.


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